António Rodrigues: “Senti que o carro me obedecia”

NACIONAL EDITOR

Vice-campeão nacional de Montanha 2020 e primeiro na divisão aos comandos do BRC CM05 EVO preparado pela FR Power, António Rodrigues não podia pedir mais para a sua primeira época a tempo inteiro. O piloto de Santa Marta de Penaguião reconhece que o ano “foi muito bom”. E salienta: “Não estava a contar inicialmente. Era mais uma adaptação e um conhecimento das rampas que ia tentar fazer este ano, para entender como poderia fazer melhores tempos. Mas a adaptação ao carro também foi rápida. Mais do que estava à espera, uma vez que com hora e meia de condução consegui fazer bons tempos. Depois as coisas foram aconteceram e acabei por conseguir este resultado de que muito me orgulho”

Com poucas provas – apenas três este ano – e sem testes, a tarefa do piloto duriense tornou-se ainda mais complicada, ficando apenas com treinos e ‘warm-up’ para se familiarizar com as rampas. “Era aí que procurava conhecer o traçado. Em casa também procurava decorá-lo através dos (vídeos) ‘on-boards’. Quando chegava às provas a primeira subida era mais para adaptação, para perceção da pista. Depois ia tentando descobrir os pontos de travagem, a maneira como o carro se comportava em cada curva e ia tentando descer o tempo para conseguir um bom resultado”, admite António Rodrigues.

O piloto de Santa Marta considera que o fator de adaptação foi determinante no desfecho final do campeonato: “As coisas foram correndo bem. Fui sentindo que o carro me obedecia. Acho que o gosto que tenho pela velocidade e a vontade que tenho de andar dentro de um carro de corridas também me ajudou bastante”. Este discurso não faz perceber que a chegada de António Rodrigues ao automobilismo acabou por acontecer um pouco por acaso, numa corrida de karting meio a ‘brincar’. “Isto começou graças a uns amigos. Eles ajudaram a proporcionar-me essa experiência. Correu bem e decidi ver o que conseguia mais à frente”, explicou.

Se no primeiro ano de montanha o piloto duriense tinha tripulado esporadicamente Mitsubishi, o ‘salto’ para um protótipo como o BRC foi uma grande mudança. E ser, ainda por cima rápido exigiu algo que António explica pela sua paixão pelas corridas: “O facto de andar dentro do carro, senti-lo. Fui-me adaptando a ele. Se ele fugia eu conseguia rapidamente ir buscá-lo para a trajetória certa. Nos protótipos foi um bocadinho isso. O gosto que eu tenho pelos automóveis e talvez alguma experiência que os karts me deram e a minha condução acabou por me ajudar a entender o carro. Depois conseguimos senti-lo bem e ele também ajuda”.

Com o êxito no campeonato veio também a continuidade do apoio dos patrocinadores, que será imprescindível para António Rodrigues voltar a lutar pelo campeonato em 2021. “Eles são importantes, eles ajudam-me, não só financeiramente mas também com o apoio e o reconhecimento, e tento também que tenham uma visibilidade para que também eles tenham retorno”, concede o piloto duriense. Que também sente a competição como uma forma de ‘escape’ para o dia-a-dia profissional, ainda por cima num ambiente como do Campeonato de Portugal de Montanha, visto quase como uma ‘família’: “A convivência é muito boa. São todos muito cordiais, muito divertidos. A todos os sítios onde vamos tenho sempre com quem estar, com quem conversar e é um fim de semana bem passado. Acabamos sempre por relaxar um pouco da monotonia que tem do dia a dia”.

O piloto que é dentista profissionalmente, tem também na família um apoio importante para este ‘hobby’. “Todos eles estão motivados. Cooperam muito nestas provas e estão sempre presentes. A mulher, a Sandra, sofre um bocado mais, porque está um pouco mais preocupada. As filhas, porque sabem que o pai sabe o que está a fazer dentro do carro, nem ligam muito. Mas quando sentem que o pai está nervoso no início de cada rampa elas vêm dar o abracinho, aquele aconchego que sabe muito bem”, confidencia o ‘dono’ do BRC CM05 azul claro e branco.

Para a próxima temporada há que defender alguns pergaminhos. Para 2021 António Rodrigues vai repetir o campeonato, “tentando também bons resultados”, e ver se continua “a chegar ao pódio”. A ideia é também repetir a montanha de protótipos. “A ideia será essa e vamos tentar chegar perto da vitória”. Quanto a tentar qualquer outra especialidade do automobilismo o piloto de Santa Marta diz apenas: “Experimentar experimento tudo. Se puder. Vamos ver o que se vai proporcionar, mas gostava de poder fazer outro tipo de competição, mais os ralis do que a velocidade”.

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