Traduziu-se por um grande sucesso a 18ª edição do ‘Passeio dos Ingleses’. Uma iniciativa do ACP Clássicos, que no passado fim de semana reuniu em Lisboa e no Porto mais de 250 dos mais belos exemplares automóveis de identidade britânica. Uma prova que a paixão por este género de carros continua bem viva e recomenda-se. Nos automóveis, a idade é quase um pormenor, desde que o espírito seja… britânico. É este o lema do ‘Passeio dos Ingleses’ que, desde a primeira edição (em 2004), granjeia adeptos e admiradores das mais belas máquinas construídas em terra de Sua Majestade. Quem vem pela primeira vez, por norma, repete a experiência, e alicia novo entusiastas, aumentando, ano após ano, a comunidade de aficionados de carismáticos automóveis com ADN britânico.
Mais do que uma concentração de automóveis de inquestionável valor histórico e até económico, são as experiências, vivências e “estórias” de cada automóvel presente que, todos os anos, fazem do “Passeio dos Ingleses” um momento verdadeiramente especial e único, para quem o vive por dentro, mas também para o muito público. ‘Estórias’ dentro da história, como a do Bentley T1 Coupe Sport que outrora acompanhou toda a vida do empresário e benemérito António Champalimaud (que sempre o considerou o seu melhor investimento face à sua durabilidade) e que, agora, marcou presença com o seu atual proprietário, ou do Bentley MK6 de 1947, com a primeira carroçaria que a marca britânica produziu em fábrica e que José Carlos Barquinha (seu proprietário há mais de 25 anos) levou à concentração do Porto. Dois dos muitos exemplos que tornaram a edição 2022 do ‘Passeio dos Ingleses’ também histórica.
E se a Bentley, marca patrocinadora do evento, foi pródiga a proporcionar emoções, modelos e “estórias” de outros construtores também se fizeram “ouvir” e “sentir”. Que dizer, por exemplo, do único Triumph Mayflower de 1951 comercializado em Portugal (dos dois únicos existentes no nosso país), ainda no seu cinzento original, que Rui Marques estreou no evento do Porto, ou do Austin 1800 MK2 S, de 1971, que António Santos admite ser o único exemplar ‘vivo’ dos seis que chegaram a Portugal e que levou mais de seis anos a restaurar. Para a história desta 18ª edição, também ficam as emoções familiares, com diversas gerações a partilharem o mesmo gosto pelos automóveis britânicos. ‘Estórias’ de pais e filhos, como a do colecionador e empresário, Aquiles de Brito, que se fez munir do Jaguar E-Type 3.8 com que o seu pai, Achilles de Brito (fundador da centenária empresa de sabonetes Ach. Brito), chegou a vencer o Circuito de Montes Claros, enriqueceram o espólio deste ‘Passeio dos Ingleses’.
Num sábado solarengo, ideal para muitos dos descapotáveis ingleses presentes acentuarem ainda mais a sua beleza, a diversidade de modelos voltou a ser a nota « dominante, com muitos deles a representarem verdadeiros ícones da indústria automóvel. Tanto no evento de Lisboa como no Porto, estiveram concentrados modelos de mais de 20 marcas, com destaque, para além da Bentley, da Jaguar/Daimler, MG e Triumph, mas também da Rolls-Royce, Aston Martin, Lotus, Morgan, Austin-Healey e TVR, entre outras. Ao todo, participaram 256 automóveis, em dois eventos distintos, direcionados para os aficionados dos modelos de fabrico britânico de Lisboa e do Porto.
A sul, os 175 participantes começaram por se concentrar no Parque Eduardo VII, em Lisboa, altura perfeita para as últimas “afinações” das máquinas e sorrisos antes de uma descontraída jornada de cerca de 170 quilómetros, que só terminaria à hora de almoço, já no distrito de Leiria, mais propriamente em Ortigosa, na requintada Quinta do Paúl. Pelo meio, fez-se a divisão por dois percursos distintos, com o “Grupo Desportivo” a rumar ao Kartódromo de Fátima, para pôr à prova a rapidez dos bólides ingleses numa simbólica complementar de regularidade, e o Grupo “Turístico” a dirigir-se à peculiar vila de Óbidos, em mais tranquilo ritmo de passeio.
A norte, o “Passeios dos Ingleses” trouxe, uma vez mais, o glamour dos clássicos britânicos ao Porto, com a partida a ter lugar na Avenida D. Carlos I, junto ao Passeio Alegre. Sob as famosas palmeiras que se alinham na marginal da Foz do Douro, a concentração não tardou a juntar centenas de curiosos logo pela manhã, que quiseram ver de perto alguns dos mais belos e exclusivos exemplares fabricados no país de Sua Majestade. Ao todo, o evento juntou 81 “celebridades” britânicas, representativas de 13 marcas, com a MG e a Jaguar a serem responsáveis por mais de metade do pelotão. Já na estrada, a caminho do almoço na Casa de Vila Verde, em Caíde de Rei, Lousada, os participantes dividiram-se, mais uma vez, entre o “Grupo Desportivo” e o “Grupo Turístico”, com os primeiros a levarem os seus clássicos e contemporâneos ingleses a uma acelerada visita ao Kartódromo de Fafe e os segundos a optarem por uma mais recatada concentração no emblemático Mosteiro Pombeiro, em Felgueiras.
Um jornada memorável, conforme destaca Luís Cunha, Secretário-Geral do ACP Clássicos:”a 18ª edição do Passeio dos Ingleses voltou a traduzir-se num excelente convívio, onde os aficionados dos automóveis ingleses voltaram a reencontrar-se e a retomar a sensação de ‘normalidade’ pós-pandemia, com um pretexto muito válido para todos: a paixão pelos automóveis ingleses. O balanço é muito positivo, não só pela adesão, como pela forma como tudo decorreu em Lisboa e no Porto, pelo que só podemos estar satisfeitos, confirmando que a aposta que fizemos há 18 anos, ao enveredarmos por um passeio não-monomarca, foi, e continua a ser, uma receita de sucesso”.
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